domingo, 12 de julho de 2020

O PURGATÓRIO SEGUNDO SANTA CATARINA DE GÊNOVA E A FÉ DA IGREJA


Santa Catarina de Gênova pode nos ensinar sobre a Conversão? Veja
Santa Catarina de Gênova

Em tempos de pandemia, onde tantos de nós sofremos com a perda de parentes e estamos também sob risco, cabe a reflexão sobre a morte, o estado de nossas almas, das almas dos nossos parentes, e como estamos respondendo às graças que todos os dias Deus nos concede, ao preço altíssimo que Ele pagou por nós: a vida do seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo. A meditação sobre purgatório é muito importante porque nos faz refletir alguns aspectos, entre os quais: a pureza e santidade de Deus, na qual nós não podemos permanecer se também não nos esforçarmos para viver uma vida reta e nos purificarmos pelos meios que a Igreja nos oferece; a gravidade do pecado; a misericórdia de Deus e a esperança de alcançar a salvação, pois sem o Purgatório, seria muito difícil chegar ao Céu; a comunhão dos santos; a importância do sofrimento e das penitências nesta vida; a eficácia da Santa Missa para nós e a Igreja padecente.
Purgatório é o lugar ou estado onde vão as almas dos que morrem em graça de Deus, sem haver inteiramente satisfeito por seus pecados, para ser ali purificadas com terríveis tormentos. A Igreja creu sempre que há almas que sofrem e necessitam de sufrágios, e a causa de seus sofrimentos eram os pecados cometidos, os veniais e os pecados mortais já perdoados. Embora a culpa do pecado já tenha sido remida, ainda há as penas temporais que devem ser pagas e estas almas iriam por fim para a glória depois de satisfeitas estas penas. Isto é uma verdade de fé: todas as almas que estão no purgatório alcançarão a glória celeste e tanto só temos esta vida para galgar boas obras e buscarmos a santidade quanto depois desta vida já não poderemos pecar.
Santa Catarina entende o Purgatório ao comparar o estado de sua alma, como consumido por um fogo que a purificava de tudo que havia necessidade, assim também as almas no Purgatório que estão sendo purificadas de toda mancha do pecado. Apesar de abrasada por esse fogo, a santa sentia-se muito feliz pelo bem que ele produzia, e entende que da mesma maneira as almas no Purgatório. Estas estão entregues ao estado em que se encontram, sem se acharem dignas ou indignas de tal estado, só se contentam de estar cumprindo o que Deus em sua grande justiça as impetrou, não tendo preocupações com outros nem consigo, estando imersas na caridade de Deus, sem poder pecar ou acumular méritos para si. A ferrugem do pecado é o impedimento que elas sofrem de não poder estar na presença de Deus, e o fogo do Divino Amor consome este impedimento, e cada vez estão mais próximas à Deus, aumentando o contentamento das almas. Este consumir não diminui a pena dos pecados, mas abrevia o tempo a que estão sujeitas sofrer.
            Santa Catarina afirma que embora, as almas estejam abnegadas em seus estados, sofrem penas indizíveis causadas pelos pecados. A pena que sofrem consiste principalmente, no fato de que se sentem cada vez mais atraídas para Deus conforme a mancha do pecado vai arrefecendo, no entanto como ainda existe este impedimento, elas não podem estar com Ele, o que lhes causa grande dor. Estas almas têm a certeza de que ainda não podem gozar da presença de Deus devido o que ainda precisa ser purificado e isto causa como que um fogo extremo semelhante ao do Inferno, mas sem a culpa. Esta é a pena de dano. Há também a pena de sentido, dores como as que sentimos na vida, embora não se possa dizer claramente como são. A intensidade destas penas é gravíssima, em geral muito maior que a das que padecemos aqui. São Cesário de Arles diz que não se deve contentar com o Purgatório pela certeza de alcançar a vida eterna, porque “o fogo do Purgatório será mais duro que quantas penas se podem ver, pensar ou sentir”.
Com a vontade unida a Deus e a ausência de culpa, as almas no purgatório podem ver a Deus conforme Ele as concede e entendem claramente que o seu fim último é estar com Deus. A santa dá o exemplo do pão único, como se só houvesse um pão que pudesse alimentar todos os homens, e estivessem impedidos de comê-lo, mas não morressem ou adoecessem, estariam sempre desejosos deste pão, com cada vez mais fome, mas ainda incapazes de experimentá-lo. Santa Catarina diz que é grande a misericórdia para estas almas haver o Purgatório onde podem se purificar, pois muito se deve o seu sofrimento em saber que há grandes males em si, cometidos voluntariamente contra Deus que é todo bondade e amor para conosco. O fogo que Deus a submete é capaz tanto de purificar quanto de aniquilar a alma, aniquilá-la em si mesma até a perfeição, onde ocorre uma purificação passiva que retirará todas as más inclinações e restaurará o estado perfeito em que foi criada.
O que devemos fazer pelas almas do Purgatório é continuamente oferecer sufrágios por elas para que se atenuem as penas, sendo as nossas orações, penitências e boas obras oferecidas à Deus, sendo da parte Dele dispor destes sufrágios com seu juízo infalível e grande misericórdia. O oferecimento de Santas Missas pela alma dos fiéis que se encontram no Purgatório é o bem maior que podemos fazer por elas. A Santa Madre Igreja também nos oferece a possibilidade das indulgências, que possibilitam a remissão parcial ou plena das penas temporais, sendo uma graça derramada pelas satisfações infinitas obtidas por Cristo e pelos santos.
Os meios para evitar o Purgatório são, primeiramente, evitar com todo o esforço o pecado (Santa Teresa diz “em aposento onde entra tanto sol, não há teia de aranha escondida”), fazer muitas penitências aqui, onde podemos obter grande satisfação por nossas culpas e aumentar nossos merecimentos para o Céu, viver a caridade pelas obras de misericórdia, perdoar as injúrias sofridas, as indulgências, a Eucaristia e a Confissão, sendo a penitência sacramental de maior valor que qualquer penitência de natureza privada, e a devoção à Santíssima Virgem Maria que se manifesta entre tantas práticas, principalmente, pela oração do rosário e o uso do escapulário do Carmo. Há também uma devoção pouco conhecida chamada Coroa ou Terço de São Miguel Arcanjo. Ela foi ensinada pelo próprio arcanjo a uma religiosa portuguesa no século XVIII e este prometeu que quem a rezasse todos os dias teria para si e para os parentes a libertação do purgatório.
Os tempos que se apresentam devem ser para todos nós de grandes intercessores pelas almas que padecem no Purgatório. Infelizmente, pouquíssimas pessoas se esforçam para viver uma vida cristã. Rezemos por elas e sejamos fiéis, nos esforçando com uma vida reta, sacramental, sem duplicidade, com penitências e mortificações, e confiando na graça de Deus que sempre nos socorre, para permanecermos com Ele e chegarmos ao estado de perfeição a que Ele nos chama: “sede santos porque eu sou santo”. Só temos o hoje!

Texto baseado no livro Tratado do Purgatório de Santa Catarina de Gênova.

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