
Santa
Catarina de Gênova
Em
tempos de pandemia, onde tantos de nós sofremos com a perda de parentes e
estamos também sob risco, cabe a reflexão sobre a morte, o estado de nossas
almas, das almas dos nossos parentes, e como estamos respondendo às graças que
todos os dias Deus nos concede, ao preço altíssimo que Ele pagou por nós: a
vida do seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo. A meditação sobre purgatório é
muito importante porque nos faz refletir alguns aspectos, entre os quais: a
pureza e santidade de Deus, na qual nós não podemos permanecer se também não
nos esforçarmos para viver uma vida reta e nos purificarmos pelos meios que a
Igreja nos oferece; a gravidade do pecado; a misericórdia de Deus e a esperança
de alcançar a salvação, pois sem o Purgatório, seria muito difícil chegar ao
Céu; a comunhão dos santos; a importância do sofrimento e das penitências nesta
vida; a eficácia da Santa Missa para nós e a Igreja padecente.
Purgatório
é o lugar ou estado onde vão as almas dos que morrem em graça de Deus, sem
haver inteiramente satisfeito por seus pecados, para ser ali purificadas com
terríveis tormentos. A Igreja creu sempre que há almas que sofrem e necessitam
de sufrágios, e a causa de seus sofrimentos eram os pecados cometidos, os
veniais e os pecados mortais já perdoados. Embora a culpa do pecado já tenha
sido remida, ainda há as penas temporais que devem ser pagas e estas almas
iriam por fim para a glória depois de satisfeitas estas penas. Isto é uma
verdade de fé: todas as almas que estão no purgatório alcançarão a glória celeste
e tanto só temos esta vida para galgar boas obras e buscarmos a santidade
quanto depois desta vida já não poderemos pecar.
Santa
Catarina entende o Purgatório ao comparar o estado de sua alma, como consumido
por um fogo que a purificava de tudo que havia necessidade, assim também as
almas no Purgatório que estão sendo purificadas de toda mancha do pecado.
Apesar de abrasada por esse fogo, a santa sentia-se muito feliz pelo bem que
ele produzia, e entende que da mesma maneira as almas no Purgatório. Estas
estão entregues ao estado em que se encontram, sem se acharem dignas ou
indignas de tal estado, só se contentam de estar cumprindo o que Deus em sua
grande justiça as impetrou, não tendo preocupações com outros nem consigo, estando
imersas na caridade de Deus, sem poder pecar ou acumular méritos para si. A
ferrugem do pecado é o impedimento que elas sofrem de não poder estar na
presença de Deus, e o fogo do Divino Amor consome este impedimento, e cada vez estão
mais próximas à Deus, aumentando o contentamento das almas. Este consumir não
diminui a pena dos pecados, mas abrevia o tempo a que estão sujeitas sofrer.
Santa Catarina afirma que embora, as almas estejam
abnegadas em seus estados, sofrem penas indizíveis causadas pelos pecados. A
pena que sofrem consiste principalmente, no fato de que se sentem cada vez mais
atraídas para Deus conforme a mancha do pecado vai arrefecendo, no entanto como
ainda existe este impedimento, elas não podem estar com Ele, o que lhes causa
grande dor. Estas almas têm a certeza de que ainda não podem gozar da presença
de Deus devido o que ainda precisa ser purificado e isto causa como que um fogo
extremo semelhante ao do Inferno, mas sem a culpa. Esta é a pena de dano. Há
também a pena de sentido, dores como as que sentimos na vida, embora não se
possa dizer claramente como são. A intensidade destas penas é gravíssima, em
geral muito maior que a das que padecemos aqui. São Cesário de Arles diz que
não se deve contentar com o Purgatório pela certeza de alcançar a vida eterna,
porque “o fogo do Purgatório será mais duro que quantas penas se podem ver,
pensar ou sentir”.
Com
a vontade unida a Deus e a ausência de culpa, as almas no purgatório podem ver
a Deus conforme Ele as concede e entendem claramente que o seu fim último é estar
com Deus. A santa dá o exemplo do pão único, como se só houvesse um pão que
pudesse alimentar todos os homens, e estivessem impedidos de comê-lo, mas não
morressem ou adoecessem, estariam sempre desejosos deste pão, com cada vez mais
fome, mas ainda incapazes de experimentá-lo. Santa Catarina diz que é grande a
misericórdia para estas almas haver o Purgatório onde podem se purificar, pois
muito se deve o seu sofrimento em saber que há grandes males em si, cometidos
voluntariamente contra Deus que é todo bondade e amor para conosco. O fogo que
Deus a submete é capaz tanto de purificar quanto de aniquilar a alma,
aniquilá-la em si mesma até a perfeição, onde ocorre uma purificação passiva
que retirará todas as más inclinações e restaurará o estado perfeito em que foi
criada.
O
que devemos fazer pelas almas do Purgatório é continuamente oferecer sufrágios
por elas para que se atenuem as penas, sendo as nossas orações, penitências e
boas obras oferecidas à Deus, sendo da parte Dele dispor destes sufrágios com
seu juízo infalível e grande misericórdia. O oferecimento de Santas Missas pela
alma dos fiéis que se encontram no Purgatório é o bem maior que podemos fazer
por elas. A Santa Madre Igreja também nos oferece a possibilidade das
indulgências, que possibilitam a remissão parcial ou plena das penas temporais,
sendo uma graça derramada pelas satisfações infinitas obtidas por Cristo e
pelos santos.
Os
meios para evitar o Purgatório são, primeiramente, evitar com todo o esforço o
pecado (Santa Teresa diz “em aposento onde entra tanto sol, não há teia de
aranha escondida”), fazer muitas penitências aqui, onde podemos obter grande
satisfação por nossas culpas e aumentar nossos merecimentos para o Céu, viver a
caridade pelas obras de misericórdia, perdoar as injúrias sofridas, as
indulgências, a Eucaristia e a Confissão, sendo a penitência sacramental de
maior valor que qualquer penitência de natureza privada, e a devoção à
Santíssima Virgem Maria que se manifesta entre tantas práticas, principalmente,
pela oração do rosário e o uso do escapulário do Carmo. Há também uma devoção
pouco conhecida chamada Coroa ou Terço de São Miguel Arcanjo. Ela foi ensinada pelo
próprio arcanjo a uma religiosa portuguesa no século XVIII e este prometeu que
quem a rezasse todos os dias teria para si e para os parentes a libertação do
purgatório.
Os
tempos que se apresentam devem ser para todos nós de grandes intercessores
pelas almas que padecem no Purgatório. Infelizmente, pouquíssimas pessoas se
esforçam para viver uma vida cristã. Rezemos por elas e sejamos fiéis, nos
esforçando com uma vida reta, sacramental, sem duplicidade, com penitências e
mortificações, e confiando na graça de Deus que sempre nos socorre, para permanecermos com Ele e chegarmos ao estado de perfeição a que Ele nos chama: “sede
santos porque eu sou santo”. Só temos o hoje!
Texto baseado no livro Tratado
do Purgatório de Santa Catarina de Gênova.
Muito bom!🙏
ResponderExcluirExcelente
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