sábado, 9 de janeiro de 2021

Castidade: uma virtude para todos

 


            Aqueles que fizeram catequese para primeira Comunhão, Crisma ou até Batismo, devem saber que o Sexto Mandamento da Lei de Deus é “não pecar contra a castidade”. Mas afinal, que é castidade? É coisa de padres e freiras, não é? Sim. Mas também de todos os outros cristãos! Deus chama todos nós, no próprio estado de vida, a vivermos amando de forma pura, para que, um dia, possamos chegar a vê-lo, segundo as palavras do Salvador: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.”(Mt 5, 8)

            Agora que sabemos que todos somos chamados a viver a santa pureza, temos ainda mais interesse em saber do que se trata ela. Pois bem, podemos definir a pureza como um desinteresse, uma despreocupação de si mesmo. Àqueles que saltaram da cadeira por acharem esta definição estranha, peço calma, porque irei explicar. Viver de maneira pura, amar castamente é “amar como Jesus amou”, como diria o Padre Zezinho. E como Jesus amou? Desinteressadamente. Quando fazia algo pelos outros, não tinha segundas intenções, não queria senão ajudar e fazer o bem. Claro que Ele não deixava de cuidar de si, porque também o amor a nós mesmos é exigido por Deus, já que temos que amar o próximo como a nós mesmos. Mas todos os atos de Jesus eram de um amor puro e desinteressado: ao realizar milagres, expulsar demônios, arrastar multidões, não procurava dinheiro, prazer ou fama, mas, repito, fazer o bem.

            É claro, então, que os pecados contra a castidade que conhecemos, como o adultério, a fornicação, a masturbação, são extremamente condenáveis, pois são diametralmente opostos ao valor evangélico (não no sentido de protestante, mas de “do Evangelho”) da pureza. Nestes pecados, o homem age com um egoísmo extremo em busca do prazer, seja usando o corpo de alguém que é imagem e semelhança de Deus, seja fechando-se em si mesmo. Assim, quem comete estes pecados, fica impossibilitado de ser morada para o Deus que é todo Amor, todo Doação, até que receba o perdão sacramental pelo Batismo ou pela Confissão. E, sem poder ser morada para Deus, também não vai poder contemplá-Lo depois da morte, perdendo sua salvação e caindo, infelizmente, no Inferno, para onde vão as almas que não souberam encontrar sua felicidade em Deus.

                    "Mas se a castidade é não fazer sexo, como ficam os casais? Vão todos pro Inferno?" Aí está uma grande confusão: castidade não é, necessariamente, ausência de sexo. Aqueles que se entregam completamente a Deus e decidem não casar, como os padres e as freiras, vivem o celibato, este sim é a abstinência total de sexo e de algumas relações afetivas que não condizem com o estado de vida que escolheram. A castidade, porém, não se restringe somente ao celibato. Os casados também devem vivê-la, segundo seu próprio estado de vida, na fidelidade e no respeito mútuos.

            Mas vejam: a pureza vai muito além do “não” aos pecados da carne. Como dizia, ela consiste neste desinteresse de si mesmo e para vivê-la de maneira mais perfeita, da maneira como Jesus quer que vivamos, é necessário que este desinteresse se manifeste concretamente em nossa vida, através de nossas obras. Lavar uma louça em casa para agradar os pais, dar uma pequena moeda a um pobre e até mesmo rezar para agradar a Deus, para estar junto Dele porque isto O alegra são manifestações de uma santa pureza também, porque nesses momentos fazemos coisas para os outros, despreocupando-nos de nós mesmos.

            A pureza encarada dessa forma é, também, o segredo da felicidade, porque, segundo Santa Elisabete da Trindade e Santa Teresinha, este consiste em “despreocupar-se de si mesmo”. Quantas tristezas e angústias não nos vêm por causa da nossa excessiva preocupação com nosso bem-estar! Novamente, não digo que não cuidaremos de nós, mas que não devemos fazer isso com excessiva preocupação. Entreguemo-nos a Deus! Façamos a nossa parte, claro, mas nossa agonia em nada vai melhorar nossa situação de doença física ou mental, de crise financeira ou mesmo de pecado. Sim, mesmo os nossos pecados não devem nos inquietar. Acaso seremos nós mesmos nossos redentores? Não! Cristo nos redimiu e há de nos santificar! Portanto, não nos inquietemos!

            Parece estranho até para mim até onde nos trouxe nossa conversa sobre pureza. Mas consigo enxergar em todas essas situações um motivo para falar dela. Peçamos ajuda à Santíssima Virgem e ao Santo Patriarca José, grandes exemplos de castidade, para que possamos imitá-los em sua grande pureza. Deus abençoe a todos!

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