
Em algumas paróquias está se realizando uma bela
iniciativa: o “Grupo das mães que oram pelos filhos”, que tem como objetivo
reunir aquelas mães que, como Santa Mônica, rezam pelos seus filhos, acredito
que especialmente por sua conversão. E, de fato, estas orações são muito
necessárias para o bem de tantos jovens, especialmente aqueles que estão longe
de Deus e da Igreja de Cristo. Porém, vejo um grande movimento na direção
oposta: muitos jovens se convertem e são os únicos católicos de suas casas. Podem
ser os únicos católicos por suas famílias serem protestantes ou de alguma outra
religião, ou por seus parentes, apesar de católicos, não compreendem ou não
aceitam completamente a fé que professam e não vivem de acordo com os
ensinamentos da Santa Igreja. Não sei se é por ser jovem e ter muito mais contato
com pessoas próximas da minha idade, mas tenho uma grande impressão de que há
mais deles tentando converter suas famílias que famílias tentando converter
seus filhos. Seja esta impressão verdadeira ou não, queremos, com muitos
limites, tentar orientar e consolar estes jovens quanto a esta questão.
Nós todos sabemos o quão grave é a necessidade de
conversão, especialmente da primeira conversão, em que passamos do estado de
pecado para o estado de graça e que nós temos um dever de amor para com aqueles
que estão ao nosso redor de alertá-los quanto a isso e de levá-los à vivência
da fé da única verdadeira Igreja de Cristo. Porém, diante dos excessos que noto
(excessos de que já falei antes, porém em outros âmbitos), digo: tenham
paciência. Falo isto especialmente àqueles que tentam, inoportunamente, falar,
argumentar, discutir sobre a doutrina a fim de convencer a todos sobre ela.
Conversemos sobre Jesus, sobre a Eucaristia, sobre a fé, mas somente se as
pessoas estiverem abertas a ouvir o que temos a dizer. E, se não estiverem,
respeitemos a liberdade que Deus lhes deu ou acabaremos sendo aquelas pessoas
chatas, de acordo com a caricatura que o mundo tem sobre os cristãos, de alguém
que insiste em perturbar a paz alheia continuamente para convencer as pessoas
de suas convicções. Não somos ideólogos e não queiramos nos parecer com eles.
Nossas verdades são verdades que não são nossas, mas de Deus; são verdades
muito maiores que o que o comunismo, o liberalismo ou um conservadorismo barato
pretendem ser (digo pretendem por não o serem). Portanto, valorizemos as
verdades de fé pelo menos o máximo que pudermos, já que nunca conseguiremos dar
a elas o valor devido em nossos corações e em nossa vida.
Também é importante ter paciência com o tempo da graça. Deus
às vezes nos espera por tantos anos... Por que não esperaria também por aqueles
que nos são caros? E, se Deus espera, quem somos nós para não esperarmos?
Novamente, não quero com isso propagar a tibieza e esfriar o fervor apostólico
que devemos ter para com todos os homens, nem quero dizer que todos se
converterão com certeza em algum momento da vida porque, infelizmente, isto não
é verdade e o digo com pesar no coração. Mas temos que saber que conversão é
obra, em primeiríssimo lugar, do Espírito Santo, que sopra onde quer, quando
quer e na direção que quer. Claro, Deus quer a nossa colaboração; mas nossa
parte é muito pequenina e depende muito mais Dele que de nós. Assim, não
desistam de rezar por aqueles que lhes são caros e estão distantes do Coração
de Jesus. Não se frustrem achando que suas orações não têm efeito, porque Nosso
Senhor as ouve. Ora, se nós que somos maus sabemos dar coisas boas àqueles que
amamos, quanto mais Deus não dará o Espírito Santo àqueles que O pedirem? (Lc 11,
13) Tenham confiança em Deus! Façam o que puderem mas, acima de tudo, confiem
em Deus que é o mais interessado em trazer para perto de si aqueles que Ele
ama.
Sei que estou repetindo muitas coisas de que já falei no
blog, mas quero continuar assim mesmo. Às vezes nos preocupamos demais com a
doutrina e com os argumentos que teremos para convencer as pessoas e deixamos
de lado algo que pode ser muito mais importante que tudo isso: o bom exemplo.
Não caiam no intelectualismo! Vocês são homens e mulheres, não anjos. Vocês têm
uma vida concreta ao redor de si: não fiquem presos na própria mente. Mexam-se.
Trabalhem, estudem, cumpram seus deveres de estado como estudantes, empregados,
filhos. Não soa estranho uma mãe pedir para um filho lavar a louça e ele negar
por estar muito ocupado “refutando os hereges” no Facebook? Eu acho que soa
bastante e que ela vai se preocupar com o filho dela e achar que ele está
imerso em um radicalismo doentio, o que pode ser verdade. Antes, se um filho
que era preguiçoso se oferecer para lavar a louça por ela, não seria um pequeno
gesto que pode ter um grande valor? Não poderia ela reconhecer que o
catolicismo está fazendo de seu filho um homem melhor, mais maduro, mais
obediente aos pais? A Verdade do Evangelho não deve somente ser pensada, mas
vivida. Quanta profundidade há em viver a Verdade, em viver como Deus quer, em viver
como um deus por participação, por participação da vida trinitária... Assim, nos
esforcemos razoavelmente por dar bons exemplos para aqueles que estão ao nosso
redor.
E digo mais uma vez: tenham paciência e tranquilidade de consciência.
Se esforcem por amor a Deus e ao próximo e fiquem em paz. Os homens têm sua
liberdade e não podemos interferir nela e nem carregar o peso do mal uso que
fazem dela. De fato, é possível escandalizar alguém e levá-lo a pecar. Mas
tenham razoabilidade em discernir sobre isso e não se culpem por aquilo que não
podem controlar. Com certeza é um sofrimento ver aqueles que se ama longe de
Deus, mas não deixem que isto tire a paz de vocês, porque não é de Deus o que
tira a paz da alma. Vivam suas vidas com tranquilidade, com a tranquilidade de
quem confia mais na bondade de Nosso Senhor que nas próprias forças para a conversão
dos homens.
E, finalmente, se algum pai ou mãe de um filho católico,
por acaso, leu até aqui, digo a você: escute seu filho... Talvez ele pareça
estranho às vezes; talvez seu pensamento pareça radical demais e, de repente,
pode até ser; talvez ele diga coisas que pareçam ofensivas ou que confrontem a
maneira pela qual você esteja vivendo; talvez ele não seja o melhor filho do
mundo ou o filho que você gostaria de ter, mas o que ele está dizendo ele o diz
por amor. Se ele diz que existe um inferno, é porque quer que você vá para o
céu. E a doutrina que ele tenta apresentar a você não é dele, mas da Igreja e
só da Igreja porque Cristo a deu a ela. No fim, são as palavras de Deus para
você, do Deus que diz “Te amo! Vem para mim!”. Creiam, pois, em Cristo e na
Igreja e se batizem, se confessem, comunguem, vivam como verdadeiros católicos,
como verdadeiros filhos de Deus!
E, vós, filhos, se esforcem ao máximo para transmitir aos
vossos pais não vossas próprias ideias e princípios, mas o tesouro das verdades
eternas, as palavras de vida eterna que Deus deu a vós.
Que, neste Círio diferente que vamos viver, Nossa Senhora
de Nazaré interceda por todos nós e nos faça melhores filhos e melhores pais, faça
de nós homens mais próximos do Coração amoroso de seu Filho, Nosso Senhor Jesus
Cristo!